“Conta a lenda
que Narciso era um rapaz que todos os dias se debruçava nas margens de um lago
para contemplar sua beleza. Era tão
fascinado por si mesmo que certa manhã, caiu no lago e morreu afogado. No lugar
onde caiu surgiu uma flor, que chamaram de Narciso.
Mas dizem que
quando Narciso morreu, vieram as deusas do bosque e viram o lago , que antes
era de água doce, transformado num lago de lágrimas salgadas.
_ Por que você
chora? _ Perguntaram as deusas.
_ Choro por
Narciso _ Respondeu o lago.
_ Ah, não nos
espanta que você chore por Narciso_ disseram as deusas. _ Afinal de contas,
apesar de sempre corrermos atrás dele pelo bosque, você era o único que
contemplava de perto sua beleza.
_ Mas Narciso
era belo? _perguntou o lago
_ Quem melhor
que você poderia saber disso? _ disseram, surpresas, as deusas. _ Afinal de
contas, era nas suas margens que ele se debruçava todos os dias para
contemplar-se!
O lago ficou
quieto por algum tempo. Por fim, disse:
_ Choro por Narciso, mas jamais notei que ele era
belo. Choro porque, todas as vezes que ele se debruçava sobre minhas margens,
eu podia ver _ no fundo dos seus olhos _ a minha própria beleza refletida.”
***
Sempre admirei a lenda de
Narciso. Interessante constatar que o lago jamais notara a beleza de Narciso. Penso como
muitas pessoas querem se refletir no próximo a fim de se assemelhar a ele,
independente da situação ou condições propostas. E na maioria das vezes, são
traídas por si mesmas, porque querem se ver refletidas no outro mas se esquecem
de que o reflexo é aquele que revela a si próprio e não o outro. Muitos se
perdem num emaranhado de comparações e se frustram, incapazes de enxergar a si
mesmo primeiro, com seus defeitos, manias e cobranças. Deposita-se no outro aquilo que deveria, em
primeiro lugar, ser depositado em si mesmo. Enaltece a beleza alheia e se
submete a esconder-se por detrás da própria personalidade, e quando são
colocados diante de si mesmos, quando são desmascarados pela própria essência,
culpam o outro. Narciso era belo. O lago era belo. Prova de que cada pessoa tem
sua beleza, e esta pode ser refletida de diferentes maneiras, em situações
adversas, mas o que se deve guardar é que independente disso, a beleza tem de
ser sua primeiro. No final será você contra você mesmo. Enxergue nos outros a
sua beleza e reconheça a beleza alheia também. Só não confunda o reflexo.
Amei o que você escreveu e também penso da mesma forma... e você sabe que eu gostaria que uma pessoa pudesse ler isso tbm e refletir...bjs
ResponderExcluirOutra leitura possível desta lenda é o fato de o lago não enxergar Narciso, assim como Narciso também não via a beleza do lago à sua frente, às vezes estamos tão voltados para nós mesmos que deixamos de ver o mundo à nossa volta.
ResponderExcluirGostei de seu blog, tendo tempo visite minha pagina no recanto das letras, quem sabe você não se interessa em publicar seus textos lá também.
http://www.recantodasletras.com.br/autores/alessandracecil